25 julho 2011

velhice


Sobre o penteado, e um passado largado,
a pintura de cabelo na gaveta esquecida,
o sapato guardado,
parto agora para minha nova vida.
Arranjo-me nesse instante frente ao espelho
O meu grande companheiro.
No armário mais nenhum fato preto.
É a idade que implacavelmente chegou.
Foram os anos que lentamente me roubaram encantos.
Foi o tempo que finalmente me deu consentimento
Para que eu pudesse envelhecer em paz
sem precisar de sofrer
sem ter que usar refúgios
sem mágoas presentes.
Quero agora os meus lábios em tom natural,
Os meus cabelos no seu branco desigual,
Os meus fatos sem serem pequenos e justos,
e que no espelho fique reflectido
a sombra de um passado bem vivido.
Fui rei, fui príncipe
mas a natureza calma, indolor
e com sua delicadeza fez-me o favor
de me encaminhar tão mansamente
que acabou não sendo de repente
que a velhice até mim chegou.

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